Quem acompanhou a segunda temporada do "Superstar" (Globo), entre abril e julho, percebeu que o reality ficou marcado, principalmente, pela participação de bandas – ao contrário do "The Voice Brasil", que já está na quarta temporada, sempre mostrando muitos candidatos solo. Uma dessas bandas é Kita. Apesar de não ter vencido a competição, ela celebra o fato de estar numa das melhores fases da carreira. 

A bagagem de Sabrina (vocais), Renato Pagliacci (guitarra e teclados), Jayme Neto (guitarra), Guilherme Dourado (baixo) e Fausto Prochet (bateria) é respeitável. Na estrada desde 2012, eles já fizeram turnês pela América Latina e pela Europa e dividiram o palco com grandes nomes do rock como Marilyn Manson, Deftones e Prodigy. No Brasil, abriram o show da banda Paramore em 2013 e, em outubro deste ano, o show do Muse no Rio de Janeiro (RJ). Tudo isso com um repertório autoral, pautado pelo EP "Twisted Complicated World" (2012). “Esse trabalho expressa bem o que nós somos, porque todas as canções foram escritas por mim e pelo Renato, que idealizou o projeto da banda comigo lá em 2006. E ter uma identidade desde começo é muito importante”, explica Sabrina. 

Tal identidade, marcada por letras fortes (cantadas sempre em inglês) e por um som rock-pop-eletrônico, foi o que acabou evidenciando o grupo no Superstar. “A Sandy ficou encantada. E se há uma coisa que eu levo dessa experiência é um conselho que recebi dela: ‘sejam sempre verdadeiros, cantem apenas aquilo que tocar vocês’”, relembra. 

Exatamente por isso, o primeiro álbum de estúdio do Kita trará somente canções em inglês. O projeto, a ser lançado no início de 2016, será novamente autoral e pautado no som tão característico da banda. “Nós já ouvimos muitas críticas, claro. Mas o Kita foi idealizado em inglês. Eu fui alfabetizada nesse idioma e sempre escrevi em inglês. Então isso é algo natural pra gente”, explica Sabrina, revelando que não pretende cantar em português tão cedo. “Antes do 'Superstar', éramos apenas uma banda esquisita de rock com pegada de som eletrônico. Agora temos uma boa base de fãs e muita gente curiosa querendo descobrir quem nós somos. Estamos apenas aproveitando essa fase da melhor maneira possível, e não vamos mudar por mera pressão”, conta. 

Sabrina revela que, em novembro, enquanto finaliza o repertório do projeto, o Kita lançará nova música inédita. Aliás, a ideia é ir soltando singles até o lançamento do disco. Desta maneira, o público ficará ainda mais familiarizado com a personalidade excêntrica de suas músicas. “Já tocamos diversas inéditas nos shows. É mais uma forma de promover o trabalho e fidelizar o público”, explica a vocalista. E por falar em shows, atualmente a banda realiza cerca de quatro apresentações por mês. “Não temos superprodução. Nos preocupamos muito mais com nossa atitude no palco do que com o cenário, por exemplo. E este é nosso maior diferencial. Acreditamos que a música precisa ser sentida”, diz. 

› Uma banda diferente 

Se o diferencial da Kita é sua atitude, a vocalista destaca-se pelo visual excêntrico e pelo fato de liderar uma banda só de rapazes. Essas e outras ousadias deram ao grupo o seu devido reconhecimento. Nas rádios, por exemplo, o quinteto foi conquistando o seu espaço aos poucos. “Credito isso ao fato de nosso som ter uma pegada pop, radiofônica”, explica Sabrina. 

Então, qual seria a verdadeira essência do som do Kita? “Tocamos rock. Mas temos muito do pop e do eletrônico. Parece louco, eu sei, mas toda vez que pedem para eu falar sobre isso, eu quase entro em parafuso”, brinca. As influências são muitas – e vão desde Foo Fighters até Incubus. “Também adoramos Muse e Queens of Stone Age. Mas no fim tudo acaba influenciando o nosso som. De situações que vivenciamos no dia a dia até o momento atual do país”, finaliza.

Matéria publicada na edição #166 da Revista Sucesso!.