Com a conquista de espaço em nível nacional, o funk deixou o papel de coadjuvante para ser destaque nas principais festas de São Paulo. E assim como na versão carioca do gênero, virou febre junto aos jovens paulistanos. Mas apesar das batidas contagiantes, os dois ritmos tem lá suas diferenças. Há algum tempo, o funk paulista, antes focado na ostentação, deixou de exaltar o luxo para ser mais ousado. Nessa vertente, surgiram novos nomes, e até uma liderança feminina. Trata-se de MC Tati Zaqui, que decidiu largar a carreira de aeromoça em 2013 para viver da música depois de fazer sucesso na internet com uma homenagem a MC Kauan, outro funkeiro de São Paulo. A consolidação nacional veio no ano seguinte, com o megahit "Parara Tibum".

No começo da carreira, Tati Zaqui sofreu muito preconceito pelo fato de ser mulher e querer aventurar-se no funk. Para combater essa intolerância, ela escreveu letras ousadas, que falam sobre vingar-se do ex-namorado ("Tô Dando Risada"), flertar com famosos ("Rolê com Bieber") e rejeitar o príncipe encantado ("Atual Conto de Fadas"). O resultado foi mais do que positivo. Ao tentar reivindicar para as mulheres a mesma liberdade de expressão dada aos homens, ela conseguiu não só reconhecimento, mas também abriu espaço para outras garotas no gênero. “Esse lance de preconceito foi melhorando com o tempo. Claro que ele sempre irá existir, mas hoje está bem menor, pois eu já me apresento em lugares onde nem imaginava que o funk era aceito, e faço parcerias com artistas do sexo masculino. Já sofri muito, mas uma coisa boa do sucesso é que ele traz reconhecimento e respeito”, comenta Tati, que atualmente enfrenta uma agenda de cerca de 30 shows por mês.

De fato, essa luta por espaço foi vencida. Os números nas redes sociais não mentem: são mais de 150 milhões de views no You- Tube; 850 mil curtidas no Facebook e 765 mil seguidores no Instagram. “O melhor de tudo é que meu público não está concentrado em São Paulo, mas em todo o país. Recentemente, me apresentei em Recife e em Manaus, e a recepção foi incrível”, comemora. Em julho, mais um salto na carreira da funkeira. Ela estampou a capa da revista Playboy e a vendagem foi tão boa que a edição tornou- se até então a recordista do ano. “Meu telefone não para de tocar. Nos meus shows, o público mudou. Vejo muitas carinhas novas”, comenta.

›  Fábrica de sonhos

Aos 21 anos, Tati Zaqui já realizou muitos sonhos. Com o dinheiro que já ganhou, conseguiu comprar uma casa para os pais e, no início de agosto, fez a sua primeira viagem internacional. Foi a Cancun, no México. Por lá, ela gravou o videoclipe de "Água na Boca", hit lançado no primeiro semestre que soma mais de nove milhões de visualizações no YouTube. “É uma faixa diferente de tudo o que já fiz, uma combinação de reggaeton e funk que mistura letra em inglês, português e espanhol. Ela não tem maldade, é bem pra cima”, explica. A viagem, que durou apenas uma semana, foi um verdadeiro marco na carreira da funkeira. Nas redes sociais, ela não poupou elogios aos mexicanos e descreveu a experiência como “a melhor de sua vida”. “As filmagens foram feitas em um clima bem quente, na praia, porque essa música será minha aposta para o verão brasileiro”, explica. E, para o final do ano, as novidades prometem ser mais quentes ainda. Depois de divulgar diversos singles na rede, a cantora finalmente irá lançar o seu primeiro álbum de estúdio – nas versões digital e física.

Matéria publicada na edição 165 da Revista Sucesso!.