Há muitos anos, Paula Pimenta figura na lista dos livros mais vendidos do Brasil. Desde que lançou a sua primeira obra de sucesso – Fazendo Meu Filme (Gutenberg) -, a escritora já vendeu mais de um milhão de exemplares, escreveu dezenas de livros e conquistou uma verdadeira legião de fãs. E neste ano, durante a 24ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo, a mineira comprova mais uma vez a sua influência entre jovens e adolescentes e lança mais dois livros: Princesa das Águas (Galera Record) e Fazendo Meu Filme Em Quadrinhos 3 (Nemo). “Minhas histórias evoluíram bastante com o tempo. Eu sou feminista, então faço questão de escrever personagens modernos e independentes. Acredito que chegou a hora das mulheres salvarem o mundo”, dispara a autora. 

No último domingo (28), eu bati um papo com a escritora, e o resultado vocês podem conferir a seguir: 

Você já participou de muitas bienais. Ainda parece que é a sua primeira vez? 
Paula Pimenta: É sempre muito bom participar de uma Bienal! Claro que cada uma é diferente da outra, mas geralmente o espírito das bienais é o mesmo. A Bienal sempre respira literatura, né? E sempre reúne todo mundo que gosta de livros, crianças, adolescentes, adultos, pais e escolas… eu fico muito ansiosa uns dias antes do evento, porque aqui é como se fosse a Disney dos livros para mim! [Risos] 

E como é quando você lança um livro novo? 
Cada livro novo é como se fosse o primeiro. O que continua acontecendo é que eu ainda preciso esperar por um retorno dos fãs, né? O que mudou com o tempo é que agora sei que qualquer livro que eu lançar será lido por alguém. E isso é complicado… porque acabo tendo cada vez menos liberdade. Hoje tenho leitoras de sete, oito anos, então preciso tomar cuidado com o que escrevo. Normalmente, busco pelo meio termo, afinal, tenho leitores mais velhos também, aqueles que me acompanham desde o começo da minha carreira. 

Você é um dos principais nomes da literatura brasileira, tem uma legião de fãs… como você faz para manter um relacionamento com eles? 
Eu recebo muitos e-mails e mensagens nas redes sociais. Sempre tento ler e responder todo mundo, mas o momento em que mais me relaciono com eles é nas sessões de autógrafos. É um trabalho diário, sabe? Uma troca. Sou a pessoa mais próxima que os meus leitores tem dos meus personagens. E eles querem saber de tudo! Querem saber novidades dos próximos livros, porque fiz determinada coisa…. as redes sociais são muito positivas nesse aspecto, porque acabo tendo um retorno muito rápido do meu trabalho. 

Esse ano você está lançando dois livros na Bienal, né? 
Isso! O primeiro deles é o Princesa das Águas (Galera Record), da série Princesas Modernas. Lembro que, quando fui escrever esse livro, passei muito tempo tentando imaginar como seria a história da A Pequena Sereia nos tempos atuais. Até que percebi o que era óbvio: ela deveria ser nadadora e cantar! É uma personagem muito divertida, famosa, já até participou das olimpíadas! Já o segundo livro que estou lançando é Fazendo Meu Filme em Quadrinhos 3 (Nemo). Eu terminei a série Fazendo Meu Filme há quatro anos, e agora estou escrevendo episódios novos em quadrinhos. É um trabalho incrível, porque agora posso mostrar para os leitores como eu imaginava os personagens da série.

Como foi trabalhar com quadrinhos, já que você sempre trabalhou com a escrita? 
Para fazer esse trabalho em quadrinhos, eu fiz um retrato falado dos meus personagens com os desenhistas. E o resultado ficou incrível, bem do jeito que eu imaginava. Trabalhar com quadrinhos é muito bacana, porque agora tenho um público mais novo lendo meus livros. Antigamente, as mães levavam as irmãs mais velhas e as mais novas nos lançamentos e sempre perguntavam quando eu ia fazer um livro para os pequenos. Então, como a série Fazendo Meu Filme fez muito sucesso, resolvi fazer uma espécie de continuação da saga. É uma maneira que eu encontrei de não dizer adeus para esses personagens tão queridos. 

E a série Princesas Modernas? Terá mais livros? 
Essa série já conta com Cinderela Pop (Galera Record), uma releitura bem moderna da Cinderela, onde não ela perde um sapatinho de cristal e sim um all star. Também escrevi Princesa Adormecida (Galera Record), releitura de Bela Adormecida, onde ela conhece o seu príncipe pelo whatsapp. Agora temos Princesa das Águas (Galera Record), releitura de A Pequena Sereia. Estou amando escrever esses livros! Teremos novidades em breve sim. 

Você tem um personagem favorito? 
É difícil… cada personagem meu é como se fosse um filho [risos]. Mas eu tenho um carinho especial pela Fani, né? Ela foi a minha primeira protagonista de romance, e ela também é muito parecida comigo.  

Você passa por muitos bloqueios criativos? O que você costuma fazer quando isso acontece? 
Eu já passei por muitos bloqueios! Acontece que hoje em dia eu não posso mais me dar ao luxo de ter um bloqueio criativo [risos]. Antigamente eu só escrevia quando me dava vontade, mas hoje em dia ser escritora é a minha profissão. Tenho prazos, né? Quando acontece um bloqueio, paro de escrever e descanso um pouco, e depois releio tudo o que escrevi. Isso ajuda bastante. Quando posso, também viajo, porque é sempre revigorante, e leio obras de outros autores para buscar inspiração. 

Como você faz para despertar o interesse da leitura nas crianças e adolescentes? Porque estamos numa época muito tecnológica, todo mundo com celular e tablets nas mãos… 
Essa é uma ótima questão! Muitos pais me procuram durante os lançamentos para dizer que os meus livros tiraram suas crianças da frente do celular. Isso é muito gratificante! Mas é o que eu sempre digo: eu levei a tecnologia para os meus livros. Meus personagens conversam uns com os outros pelo celular, tiram selfies, estão nas redes sociais, mandam e-mails… com o passar do tempo, fiz questão de atualizar as minhas obras e levar a tecnologia para elas. Há uma intertextualidade, né? Isso é muito importante. 

Como você vê a questão dos livros digitais vs livros físicos? 
Não acho que o livro físico vai acabar… pelo menos não agora. Eu, por exemplo, sou uma pessoa que gosta de ter muitos livros em casa. Nada como o cheiro de livro novo, né? Quem é realmente fã de livros também sente isso. O que pode acontecer no Brasil é o livro digital ocupar mais espaço que o livro físico. Mas isso também vai demorar.

Entrevista publicada no site DAMMIT - MTV