Você provavelmente já viu ou ouviu falar do projeto Um Cartão, que bomba no Instagram há dois anos. Por lá, Pedro Henrique, criador do perfil, já soma mais de um milhão de seguidores e centenas de frases e mensagens que discursam sobre a vida e o amor. O sucesso da conta foi tanto que o carioca foi convidado pela Rocco a escrever um livro, que foi lançado em novembro de 2015.

Um Cartão – Sentimentos Cotidianos chegou ao mercado com uma ótima sacada: Pedro reuniu 91 dos seus melhores cartões no livro, e todos eles são destacáveis, ou seja, eles podem ser distribuídos ou virar peças de decoração. Visualmente, é um projeto muito fofo!

Durante a 24ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo, eu bati um papo com o Pedro Henrique – e o resultado dessa conversa vocês podem conferir agora:

Como tem sido sua experiência com a Bienal e com os fãs? 
É a minha primeira Bienal. Eu lancei o meu livro em novembro do ano passado e já fiz lançamentos em dez cidades, mas o astral da Bienal é diferente, né? Vem muita gente e é incrível entrar em contato com pessoas que gostam do seu trabalho e com quem te conhece. Poder abraçar e conhecer as pessoas que você viu só pela internet não tem preço… e o melhor de tudo isso é conhecer novos leitores, porque como tem muita gente por aqui, é mais fácil das pessoas passarem a me conhecer.

E o seu relacionamento com os fãs? Como é? 
É o mais intenso possível! Eu dou tudo o que posso dar para eles: respondo todos os e-mails, todas as directs e respondo alguns comentários. Eu tento ao máximo fazer parte da vida das pessoas, porque elas fazem parte da minha vida, né? Então levo isso a sério. Quem me marca em alguma foto eu vou lá e curto e comento. Esse é o jeito que encontrei de doar um pouco do meu tempo pra quem doa o tempo para mim.

Como surgiu a ideia de você começar a escrever e a postar essas imagens no Instagram? 
O meu Instagram fez dois anos em maio. Eu sempre fui louco pelas palavras, e ler e escrever são coisas que gosto de fazer desde pequeno. Quando me formei em advocacia, comecei a trabalhar e não tive mais tempo pra gastar com as palavras. Mas sempre senti muita falta, sabe? Foi aí que resolvi fazer esses cartões, que são frases curtas que falam muito bem por si só. E isso é muito bom, porque não preciso de um texto para dizer minha opinião sobre determinado assunto.

E de onde vem sua inspiração? 
 Acho que essa é a parte mais fácil do meu trabalho. Tem tanta coisa maneira ao nosso redor, né? Tanta coisa bonita que acontece e que às vezes a gente não percebe porque está envolvido com outras coisas. Hoje mesmo eu estava no Rio, vindo para São Paulo, e o motorista me falou “Pô, o Rio é tão bonito, né? Até de madrugada ele é bonito”. E são essas pequenas coisas que deixamos passar que fazem a diferença. Quando a gente consegue resgatar isso, entender que o maneiro da vida é se apegar nas coisas simples, a gente tem inspiração pra tudo. Uma música, um elogio, uma frase que você diz para alguém… às vezes a gente só precisa lembrar que a vida é muito mais simples do que imaginamos.

O que mudou na sua vida pessoal e profissional depois que você criou o Instagram do Um Cartão?
Minha vida profissional mudou completamente. Hoje não sou mais um estudante de concursos, eu vivo pelos cartões. Tenho uma empresa, produtos licenciados, uma coleção de camisetas com a Reserva, coleção de quadros com a Urban Arts e produtos de papelaria e decoração com a Geguton. Consegui toda uma galera que me apoia e isso é maravilhoso, porque muito mais do que o meu sustento, hoje os cartões são a minha vida. Essa é realmente a única coisa que sei fazer, sabe? No campo pessoal, hoje sou um cara bem melhor. Um filho, um irmão e um amigo melhor. Os cartões me ajudaram muito a olhar quem eu sou, quem quero ser e quem vou ser.

Muitos escritores passam por bloqueios criativos e às vezes sentem que doam muito mais do que recebem. Você já passou por isso? 
Acho que não é uma questão de bloqueio… sou da filosofia que quando a gente deixa tudo de bonito entrar, tudo de bonito vai sair. Eu que sou uma pessoa péssima em matemática sei que essa é uma conta certa. Isso é inspiração, sabe? Você estar aberto para as coisas boas e verdadeira entrarem.

Como é o seu processo de criação? Você escreve todos os dias? 
São dois momentos. Tem o cartão exercício, que é um tempo do meu dia que paro para escrever obrigatoriamente, estando inspirado ou não, estando disposto ou não. E também tem o cartão do momento, que acontece principalmente quando estou viajando. Eu gosto do acaso, porque se não fica uma coisa muito engessada, né? E o que quero mostrar para os meus leitores é o dia a dia.

Como você enxerga o mercado editorial atualmente com essa questão do livro físico vs ebook? 
É óbvio que o ebook ocupa um espaço grande atualmente e isso tende a aumentar com o tempo. Mas o livro físico continua sendo muito mais charmoso. O meu livro, por exemplo, você pode destacar as páginas e presentear alguém. Então, no meu caso, o meu ebook acaba sendo o Instagram. A grande sacada do livro é você tornar online o que está offline.

Matéria publicada no site DAMMIT - MTV