Só nos Estados Unidos, Audrey Carlan já vendeu mais de três milhões de livros da série erótica A Garota do Calendário. Com o sucesso, a autora teve os seus direitos de publicação comercializados para 30 países, incluindo o Brasil. Por aqui, a série chegou ao mercado em junho pela Verus editora, do Grupo Editorial Record, e já é uma campeã de vendas. 

Para comemorar todo esse sucesso, Audrey foi trazida para o Brasil para participar da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, onde realizou alguns encontros com fãs. Durante a passagem da americana no país, eu me encontrei com a autora e o meu bate-papo com ela vocês podem conferir agora! Saca só: 

Primeiramente, como foi sua estadia no Brasil e a sua experiência com a Bienal do Livro? 
Tive momentos incríveis durante a Bienal! Foi a primeira vez que participei de um evento internacional e eu não poderia ter tido uma experiência melhor. Os fãs brasileiros foram absolutamente adoráveis! Minha editora (Verus/Grupo Editorial Record) fez de tudo para que eu me sentisse em casa, e isso foi ótimo. Antes de vir para São Paulo, estive no Rio de Janeiro, e lá visitei o Cristo Redentor. Isso não só cumpriu um dos itens do meu bucketlist*, como também me encheu de amor e esperança para o futuro. Sou extremamente grata a todos por eu ter tido um momento tão memorável na minha carreira e na minha vida. 

Vamos falar sobre A Garota do Calendário. Você fez algum tipo de pesquisa para escrevê-lo? 
Sim! Eu fiz muitas pesquisas sobre a cultura da Samoa para garantir que o livro condissesse com a realidade. Também chequei algumas questões com militares e médicos. 

Qual foi a sua inspiração para escrever a série? 
Honestamente, eu queria escrever algo que fosse completamente diferente de Trinity , série que escrevi antes de começar A Garota do Calendário. Essa série foi tão intensa e emocional que eu precisava de uma pausa. Então, a A Garota do Calendário começou como algo divertido que senti que precisava fazer no momento. 

Algum personagem é inspirado em uma pessoa real, do seu convívio? 
Claro! Adoro adicionar elementos da minha vida pessoal nos livros sempre que posso. Nomes, coisas que as pessoas falam… se você quiser alguém em especial, tive alguns personagens secundários como Heather Renee em Julho que foi criada a partir da minha assistente de relações públicas. Também tem o Tai, em Maio, que foi inspirado em Dwayne Johnson, mais conhecido como “The Rock”. 

E quanto tempo você demorou para escrever os livros? 
Escrevi tudo muito rapidamente. Cada livro foi escrito em uma média de sete a dez dias, para que ainda desse tempo de editar e publicar. Queria lançar um a cada mês, então precisava fazer isso. 

Qual dos doze livros foi o mais difícil de escrever? 
O mais difícil de escrever foi Outubro. Na verdade, em alguns momentos eu até chorei ao escrevê-lo. Há situações profundamente intensas com os personagens principais nesse livro, e isso foi difícil de escrever, mas prometo que no final tudo dará certo para todos. 

O livro se torna extremamente interessante ao constatarmos que Mia não é uma prostituta, ela escolhe com quem vai se deitar. E ela faz isso por uma razão bem nobre… você acredita que isso é um sinal de empoderamento feminino? Isto é, chegou a hora das mulheres poderem fazer o que querem? 
Eu sempre acreditei que as mulheres têm o direito de escolherem o que querem fazer no que diz respeito aos seus corpos e suas vidas. Se uma mulher quiser ser íntima de alguém, essa é uma decisão pessoal e privada, que só ela pode fazer. Mia é uma mulher que conhece a si mesma, sabe o que quer, e principalmente ela não é tímida ao mostrar isso. 

Você vê o seu livro como uma inspiração para as mulheres, visto que Mia é uma personagem independente e forte? 
Com toda certeza! Mia é forte, confiante e bater as metas que ela estabelece para si mesma é uma questão de honra.

Por quê você acha que A Garota do Calendário faz tanto sucesso? 
Não há dúvidas que a razão pela qual essa série é bem sucedida é por causa de Mia. Ela é uma personagem que todas as mulheres podem se conectar por uma razão ou outra. Ela é impulsionada, leal, amável, uma grande amiga, uma irmã compassiva e no geral demora um certo tempo para confiar na jornada que lhe é dada. Sinceramente, acho que toda mulher tem um pouco dela em si. 

 A Garota do Calendário será adaptada para a TV, certo? Como anda este projeto? Você participará da produção da série? Há uma previsão de estreia? 
Tudo que sei neste momento é que ela foi comprada pela ABC e que atualmente eles estão no processo de encontrar um roteirista para o projeto. Quando isso acontecer, meu envolvimento será em garantir que o script e representação dos atores se encaixem com o meu enredo e os meus personagens. Até agora, não há uma estimativa de estreia. 

A sua família lê os seus livros? O que eles acham? 
Não. Meu marido só leu Janeiro e ficou alegremente surpreso em como ele era bom. Depois de ler, ele disse algo como “Wow, querida, você é muito boa! Esta história é incrível.”. Quanto aos meus filhos, são dois meninos e eles só tem cinco e nove anos. Eles não estão interessados em ler livros escritos pela mãe neste momento [risos]. 

Você já foi comparada várias vezes com a E.L. James, inclusive já foi apontada como a sucessora dela. O que acha disso? 
É uma honra. Eu tenho um grande respeito por ela. James, Anne Rice e Sylvia Day pavimentaram o caminho para que autores aspirantes pudessem escrever as histórias que eles quisessem sem ter medo de pensar “fora da caixa”. Além disso, eu já li a série 50 Tons umas cinco vezes! É uma história de amor linda que nunca me canso de ler. 

Você acha que existe algum tipo de preconceito com a literatura erótica? 
Não mais. Talvez em outros países, mas agora na América há uma grande variedade de títulos do gênero nas livrarias e eles são os mais vendidos em todas as plataformas online como a Amazon e iBooks. 

Algumas pessoas classificam A Garota do Calendário como “pornô para mamães”, o que não faz justiça ao livro, uma vez que há romance e toda uma história por trás dele. O que você que acha sobre esse assunto? 
Eu desprezo o termo “pornô para mamães”. É ofensivo para o gênero e para o trabalho que eu tive ao criar uma verdadeira história de amor em que uma mulher pode se conectar, identificar e conversar com suas amigas sobre. Mesmo porque, trabalho muito em cada livro que escrevo para construir uma experiência que toque os meus leitores de uma forma positiva. 

Para finalizar, como você vê o futuro da literatura erótica? 
Eu imagino que ela continuará a crescer e a evoluir como qualquer outro gênero. Os leitores estão crescendo e isso é muito bom. 

+ A série erótica A Garota do Calendário conta a história de Mia, uma jovem que precisa juntar um milhão de dólares para pagar a dívida que seu pai, viciado em jogos, adquiriu com um agiota – que, aliás, é seu ex-namorado. Para isto, ela decide trabalhar com a sua tia, dona de uma agência de acompanhantes. Assim, a cada mês Mia acompanha e conhece um rapaz diferente na esperança de juntar o dinheiro necessário para salvar o pai.
Entrevista publicada no site DAMMIT (MTV)