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Foto: Divulgação 
O autor Raphael Draccon coleciona dezenas de prêmios. Formado em cinema, ele também faz parte do maior podcast sobre o tema no Brasil, o Rapaduracast. Sua série de literatura fantástica, Dragões de Éter, atingiu a marca de 200 mil exemplares vendidos no país e, recentemente, com Cemitérios de Dragões, integrou o quarto lugar da lista dos livros mais vendidos no México.

Para falar um pouquinho mais sobre a literatura fantástica no país, o DAMMIT conversou com o autor, que, sem rodeios, revelou que seus livros podem ser adaptados para o cinema. Eba!

DMT: O que inspirou você a escrever literatura fantástica focada em dragões? 
RD: Eu adoro dragões, como todos já sabem. A ideia era resgatar alguns dos meus desenhos favoritos da infância, que estavam perdidos. Em vez de monstros, dragões. No meu livro mais recente, em especial Cemitérios de Dragões, eu queria trazer um conteúdo mais adulto para a série. Como os Power Rangers, que são histórias infantis mas com uma pegada mais sombria.

DMT: O que os fãs de Fios de Prata podem esperar nessa nova série?  
RD: O Dragões de Éter tinha uma proposta bem juvenil. Cemitérios de Dragões vai ser bem diferente, brutal. Os golpes não geram mais faíscas, eles tiram sangue,  quebram ossos. Os sentai desse cenário, quando não estão trucidando monstros, estão dizimando terroristas ou destronando ditadores. É algo bem mais adulto, mas o foco continua sendo o mesmo.

DMT: Quantos livros a série terá?  
RD: Inicialmente, serão três livros. Claro que esse número pode aumentar, mas isso depende muito da aceitação do público. As ideias para essa série surgiram há três anos. Para mim, a parte mais difícil foi montar todo o cenário... claro que, se depender de mim, ela será bem mais longa... porque assim eu posso contar várias histórias, de personagens diferentes, assim como acontece com a Marvel. Depois, a ideia é juntar todos os núcleos e formar uma espécie de Vingadores. Seria legal!

DMT: Você pretende levar os seus livros para o cinema?  
RD: Atualmente, sou representado por uma agência americana de Nova York. Tenho feito vários trabalhos para eles, e é algo bem legal. Por conta do sucesso dos livros no Brasil, já há essa conversa, mas, para que isso saia do papel, eu preciso publicar os livros em inglês. Recentemente, lancei meu livro no México, e ele alcançou o quarto lugar na lista dos mais vendidos.

DMT: E os atores? Eles seriam americanos?  
RD: A série dos Dragões de Éter tem um perfil americano por conta do seu orçamento. Já o Cemitérios de Dragões tem pessoas de todos os lugares do mundo. Há soldados da elite americana, guerreiros africanos, hackers brasileiros...

DMT: Como foi sua evolução desde o Dragões de Éter 
RD: Quando escrevi Dragões de Éter, eu tinha uns vinte anos. Terminei Cemitérios de Dragões com trinte e três. São dez anos... mudei bastante. Amadureci. Não mudei a maneira que eu vejo o mundo, mas minha escrita e o meu pensamento mudou bastante. Acredito que o autor não deve mexer muito no texto, porque é muito bom quando o leitor percebe essa evolução, entende? Isso é bem legal.

DMT: Como Cemitérios de Dragões te desafiou como autor? 
RD: É um cenário adulto, e, em até certos pontos, politizado. Eu não tinha feito isso antes. Por exemplo, há uma personagem que é uma descendente dos estupros que aconteceram em Ruanda. Para uma pessoa como essa, os monstros não são os dragões, e sim os seres humanos que estão em seu país. Trabalhei muito em cima disso... então é muito gratificante quando percebo que as pessoas entenderam a mensagem que eu quis passar.

DMT: Para abordar todos esses temas, você teve algum tipo de cuidado? Pessoas de doze, treze anos, adoram os seus livros...  
RD: Não. Acredito que o adolescente não precisa ser poupado de nada, porque, na realidade, é uma ingenuidade achar que essas pessoas podem ser protegidas de algum tipo de informação. Qualquer pessoa pode ter acesso à qualquer informação por conta da internet. É bem melhor conversar com esse adolescente, mostrando a realidade. Acreditar que existe um mundo perfeito, onde o estupro, racismo, depressão e suicídio não existam é ingenuidade. É só ligar a TV. Infelizmente, esse é o mundo em que vivemos.

DMT: Quais são os seus projetos futuros? 
RD: Há o lançamento de um e-book, que é dedicado para um leitor bem especial. Coletor de Espíritos terá todos os royalties, os meus e os da editora, destinados ao tratamento de câncer infantil em homenagem a Felipe Adorno, vítima da doença. No dia que entreguei o manuscrito original para ele, conversamos. Uma hora depois, ele faleceu. Isso me marcou muito. Recentemente, eu também vendi meu primeiro longa-metragem para a Dama Filmes. Dragões de Éter virou videogame, e, em breve, veremos ele em mangá.

Publicada em: DAMMIT