Após crise, Nx Zero lança EP autobiográfico e prepara álbum de inéditas para 2015 

Desde 2004, ano em que o primeiro disco do Nx Zero chegou às lojas, até 2012, ano de lançamento do último álbum de estúdio produzido pela banda, muitas transformações acarretaram uma crise que só chegou a se concretizar em 2013. A agenda de shows apertada, os compromissos intermináveis e a ruptura com a gravadora Universal e o empresário Rick Bonadio fizeram o vocalista Di Ferreiro tomar uma atitude desesperada. “Agora entendo porque algumas bandas acabam. A rotina das apresentações é muito intensa, e nós não tínhamos mais tempo para nada”, explica Daniel Weksler, baterista do grupo, em entrevista exclusiva. Por isso, no começo de 2014, os integrantes se reuniram em uma casa de praia em Juqueí, município de São Sebastião, para espairecer. “Nós estávamos querendo fazer isso há muito tempo. Falávamos muito de liberdade, mas, em alguns momentos, nós só nos preocupávamos com o que tínhamos para fazer... é louco, porque, quando estávamos em um lugar, já estávamos pensando na apresentação seguinte. Aí, resolvemos tirar um tempo para gente. Foi incrível. Nós nos divertimos, conversamos, brincamos, estudamos música e voltamos a ter prazer em tocar. Todo mundo deveria fazer isso um dia”, explica. 

De uma experiência tão intensa, que, com toda certeza, uniu novamente os integrantes do grupo, surgiu o EP “Estamos No Começo De Algo Muito Bom, Não Precisa Ter Nome Não”. São quatro músicas inéditas, que conseguem expressar exatamente o momento de mudança pelo qual o Nx passou. “Nós resgatamos os nossos laços de amizade, a essência que a gente tinha lá no começo. Nós conseguimos passar pela crise, então gravamos esse EP de forma independente. É um projeto incrível, algo que mereceu ser registrado”, ressalta Dani. “Gosto muito de ‘Tira Onda’, porque o clima dessa música foi incrível. O Fi trouxe a ideia na guitarra, e nós escrevemos ela ali, na hora. Sem pressão”. O repertório ainda traz “Free Your Mind” e os singles “Uma Gota No Oceano” e “Vamos Seguir”. 

Com as energias renovadas, agora é hora de pensar no futuro. No primeiro semestre de 2015, como revela Dani, a banda promete lançar mais um álbum de estúdio, recheado de canções envolventes. Se o EP trouxe uma pegada mais reggae para os fãs, algo que, em certos momentos, lembra muito o primeiro trabalho do Nx, o novo disco trará um lado diferente de cada um dos integrantes. “Nós procuramos por novas influências, e seguimos por um caminho diferente. A melhor parte disso tudo é não ter que se preocupar com prazos. E não terá mais aquela coisa de compor várias músicas, que, depois, vão ser descartadas. Agora queremos fazer algo nosso. Temos autonomia para isso”, explica. Sem Rick Bonadio, o quinteto está trabalhando com o carioca Rafael Ramos. “O Rafael é um cara incrível, e nós trabalhamos super bem. A ruptura foi tranquila, e agora somos independentes. Voltamos ao que éramos antes, mas com uma estrutura maior, fazendo o que a gente sempre fez. Música”. 

As letras autobiográficas continuam, característica essa que está presente desde o início da carreira do Nx. “Compomos muitas músicas em Juqueí. Tem muita coisa bacana... vários amigos nossos já ouviram, e estamos gostando do resultado. Metade do disco já está pronto e, até agora, posso dizer que haverá muitas canções dançantes, mas também um rock mais... sexy. Daqui para frente, vocês também vão ouvir um reggae mais londrino”, revela com entusiasmo baterista. Parcerias? Ainda é cedo para dizer. Porém, espera-se que grandes nomes da música brasileira possam participar dessa nova etapa. “O Lee e o Diego estão trabalhando nas músicas. Acho que ‘Vamos Seguir’, como é o nosso single mais forte e expressa bem o que vivemos, vai entrar no álbum. Nós estamos deixando as coisas rolarem naturalmente, mas posso adiantar que mostramos algumas coisas para o Alexandre do Natirutis, pros caras do Tihuana, pro Lulu Santos, Rael, Criolo... eles gostaram. Quem sabe”. 

Para a nova turnê, grandes ideias. Enquanto o novo disco ainda está no forno, os shows devem ser baseados nas músicas do EP e nos maiores sucessos da banda. Com o lançamento, a criação de uma superestrutura. “Temos pessoas novas na produção e um garoto super experiente nos teclados e violão. Queremos um palco bacana, porque no ano que vem vamos vir com tudo. Vamos passar por todo o Brasil”, revela. Ânimo não irá faltar – tampouco inspiração. No iPhod, artistas oferecem o mais variado leque de opções. “Adoramos o CD novo do Arctic Monkeys. Também estamos escutando bastante Queen of the Stone Age, Kings Of Lion, Frank Ocean, Paul Mccartney… o importante é não ter preconceito. Não se trata de gêneros musicais, e sim de intérpretes. Se um cara é bom, nós vamos ouvir ele. E é isso que nós queremos... deixar para trás todo esse preconceito”, explica.