Quem não se lembra da audição às cegas de Sam Alves no “The Voice Brasil” em 2013? Ao som de “When I Was Your Man”, de Bruno Mars, o cearense caiu nas graças do público e dos jurados e ainda faturou R$ 500 mil ao ganhar a segunda temporada do reality show musical. Em abril do mesmo ano, realizou o sonho de lançar o seu primeiro álbum de estúdio. Composto basicamente por covers, alguns deles interpretados no programa, o trabalho estreou no topo da lista dos mais vendidos do iTunes e consagrou-o no cenário musical do país. 

Um ano depois, Sam Alves lança seu segundo álbum pela Universal Music, desta vez com canções inéditas. Intitulado “ID”, o projeto chega com uma proposta intricada: livrar o cantor das garras do rótulo de “intérprete de covers”. “É claro que eu gostaria de ter lançado esse álbum no ano passado. Mas, por uma questão de contrato, isso não foi possível. É fato, as pessoas me conhecem como o ‘participante do The Voice’, mas agora tenho a chance de mudar isso. É uma meta, desligar-me daquele menino que participou do reality com canções do Bruno Mars e do Justin Timberlake, para me tornar um artista completo, que compõe e produz”, explica o cantor em entrevista. Ao todo, o disco reúne onze canções, cinco delas autorais.

Novamente, o intérprete não quis fugir do idioma no qual iniciou sua carreira musical – antes de participar do “The Voice Brasil”, Sam Alves tentou a sorte na edição americana do programa. “Eu não tive receio, porque a minha história já conta quem sou. Sempre estive ligado à cultura americana, morei lá por muitos anos,m então o fato de eu cantar em português e inglês não quer dizer que eu queira ser uma pessoa que não sou. Isso já faz parte da minha identidade”, conta. Das quatro músicas em inglês, duas delas, “I Wanna Fall” e “Tired”, são de sua autoria. As canções “Amanhecer”, “Não Vou Parar” e “Esse Mistério” também são assinadas por ele. “Apesar de ser bastante pessoal, o disco não é cronológico, não conta uma história. Eu só escolhi as minhas melhores composições e as músicas que, de alguma maneira, têm haver comigo”, explica.

Mesmo não trazendo a esperada canção com Claudia Leitte, “ID” conseguiu reunir os músicos Dalto Max, DBlack e Felipe Zero em “Nosso Vídeo” – canção que, por sinal, foi escolhida para ser o primeiro single do projeto. Para os fãs que aguardavam ansiosamente pela parceria, Sam Alves conta que as pessoas terão que ser pacientes. “Novamente, por uma questão de tempo, não pudemos cantar juntos. Isso acontece, ela [Claudia Leitte] tem uma agenda concorrida. Mas nós conversamos, e vamos lançar no ano que vem. Mas não será no novo trabalho dela”, revela. 

›  Sem surpresas 


Em abril, Sam Alves estreou a turnê de “ID” em São Paulo (SP) ao som de novos e antigos sucessos. Sobre a nova fase, o cantor é enfático ao dizer que sua identidade continua intacta. “Eu não quero que as pessoas tenham uma surpresa e sim uma boa impressão. Eu continuo fazendo pop, continuo com aquela pegada de quando cantava no ‘The Voice’. A diferença é que agora eu evolui, amadureci no palco e estou mais preparado. Quero que o público saiba que, mesmo nas letras que não são minhas, quis passar uma mensagem, pois todas as faixas representam o que quero cantar a partir de agora”, diz. 

Fincado nas raízes do pop, o cantor continua com a missão de trazer para o país o gênero que, no exterior, é dominado por cantoras como Madonna, Lady Gaga, Rihanna e Katy Perry. “Infelizmente, no Brasil o pop não é tão forte. Exatamente por isso, as pessoas preferem escutar músicas americanas. Temos claro, nomes como Anitta, Ludmilla, mas elas cantam o chamado ‘pop funk’. É por isso que eu continuo apostando nessa fórmula, ao lado de intérpretes como Sandy e Wanessa, porque o país precisa disso: do pop puro”, explica. 

›  Composição favorita 

Antes mesmo de estrear nas telinhas da Globo, Sam Alves já escrevia suas canções. Segundo o artista, se tornou um hábito frequente adicionar uma letra em seu caderno de composições, que já está ‘bem gordinho’. “Não tem como eu dizer que não é mais fácil escrever em inglês. Mas, ultimamente, estou escrevendo muito em português”, assume. Porém, dentre todas as músicas que já escreveu, a sua preferida é, sem dúvidas, uma em inglês. “‘I Wanna Fall’ é a melhor canção que já escrevi. Por isso decidi colocá-la no disco”, revela. 

A faixa, escrita há cinco anos, é a música mais antiga do disco. “Quando surgiu a oportunidade de gravar um disco com composições próprias, eu sabia que teria que colocá-la. Foi instantâneo. E o melhor de tudo é que ela é um bom exemplo do que quero fazer a partir agora, resume bem o meu estilo e a minha identidade como artista”, explica. Embora ainda esteja divulgando “Nosso Vídeo” nas rádios, o artista não descarta escolher “I Wanna Fall” como o próximo single de “ID”. “Seria maravilhoso. Mas, por enquanto, estou sentindo o público, e quero que ele defina o meu próximo passo”, resume.