Muito antes dos youtubers virarem uma febre nacional e invadirem a Bienal do Livro, Isabela Freitas fazia sucesso na internet com um blog que criou para superar uma desilusão amorosa. Hoje, a mineira de 25 anos é considerada uma das percursoras desse fenômeno que arrasta dezenas de celebridades da internet para o meio editorial e consagra-se como uma das principais autoras do momento. Com apenas dois livros publicados – Não Se Apega, Não (2014/Intrínseca) e Não Se Iluda, Não (2015/Intrínseca) – a autora celebra seu melhor momento com a marca de 950 mil exemplares vendidos.

Na 26ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo, Isabela Freitas continua com a divulgação de Não Se Iluda, Não. Mas, segundo ela, será por pouco tempo. Nos próximos meses, a mineira lançará mais um livro, enquanto sua segunda obra seguirá para a TV, numa adaptação nos mesmos moldes da série de sucesso do programa Fantástico (Globo). Em paralelo, ela começará a escrever o quarto volume de sua série literária. “É o que eu amo fazer, não posso parar”, contou a autora em entrevista. 

Na última terça-feira (30), eu conversei com Isabela Freitas. Saca só como foi minha conversa com ela:

Com apenas dois livros lançados, você já vendeu quase um milhão de cópias. A que você atribui esse sucesso?
Eu costumava dizer que era uma questão de sorte. Mas, parando para pensar, percebi que isso não era verdade. Eu batalhei tanto pelo meu sonho e me esforcei tanto, que chega até ser injusto falar isso. Acho que eu apenas transformei o meu sonho em produto, nunca perdendo minha sinceridade e meu carisma.

No passado, quem queria publicar um livro tinha que ir atrás das editoras para mandar um original. Hoje em dia, são as editorias que vão atrás do pessoal que faz sucesso na internet. Ou seja, para entrar no meio editoral, é preciso bombar na internet? 
Não chega a ser essencial, mas acho que é preciso sim dar uma atenção especial para a internet e as redes sociais. Se você sonha em publicar um livro, você deve ir atrás e começar a publicar seus textos na internet. Esse foi o meu caso. Eu não vim do youtube, uma grande editora me procurou para publicar um livro depois de ver os meus textos. A internet é uma grande vitrine, então você deve se colocar nessa vitrine.

Nós conversamos em 2014 e a Bienal daquele ano estava bem diferente dessa Bienal, que está repleta de youtubers. Como você enxerga esse fenômeno? 
Eu acho ótimo, sabe? Muita gente critica, dizendo que eles não são escritores, mas eu já li alguns livros de youtubers e adorei. Existem livros bons e ruins, e eles estão por toda parte, não são uma exclusividade dos youtubers. Fora isso, tem o fato de que eles estão trazendo um público enorme para a Bienal, o que é ótimo para todo mundo.

Com o sucesso, você passou a se preocupar mais com o que você posta na internet? 
Eu tenho um filtro, claro, mas gosto de ser muito sincera sempre. Acontece que às vezes você não percebe que determinada coisa que você disse tem um duplo sentido, e aí você pode entrar numa enrascada ou acabar machucando alguém.

Quando você lançou o seu primeiro livro, você sofreu muito preconceito por vir da internet. E hoje, você continua recendo hate? 
Agora é o contrário! A galera me encontra e fala “Ah, a Isabela foi uma das primeiras da internet a publicar um livro”. Todo mundo me elogia… e eu adoro, né? [Risos].

Você já falou sobre se desapegar, sobre não se iludir… o que você acha dos relacionamentos atuais?
Acho que a gente coloca muito problema em tudo, sabe? Eu adoro me relacionar com pessoas. E temos que nos permitir, sem medo. Se perco um amigo, faço outras amizades. Isso de não se apegar e de não se iludir é uma brincadeira, nós devemos sim nos relacionar, porque só assim vamos aprender com os nossos erros.

Para você, o que é preciso para um relacionamento dar certo hoje em dia? 
Você precisa saber que você não é a metade de ninguém. Você é inteiro. É preciso se gostar, porque, se você não se gosta, você irá procurar no outro o que você gosta e isso não vai dar certo.

Você se considera uma pessoa feminista? 
Eu me considero. Tenho muitas posições feministas, mas é como sempre falo, eu não gosto de levantar bandeira porque eu não estudei sobre o assunto. Sei que não posso falar com propriedade, mas eu sou a favor das mulheres sim, odeio essas intrigas entre mulheres, essa questão de uma mulher rebaixar a outra.

Entrevista publicada no site DAMMIT - MTV.