Quase vinte anos depois de lançar Os Sete, seu livro de estreia, André Vianco entrou para o time de autores da editora Aleph para relançar a obra que hoje é considerada um clássico da literatura fantástica no Brasil. Considerado um dos percursores do gênero no país, o autor já escreveu dezesseis livros, três histórias em quadrinhos e duas obras infanto-juvenis, e, agora, se prepara para mais um lançamento.

A entrada de Vianco na Aleph abrirá muitas portas para a literatura fantástica no Brasil. Isso porque a editora é responsável pela publicação de clássicos como Laranja Mecânica, Jurassic Park, Planeta dos Macacos e das obras das franquias de Star Wars e Star Trek. Em entrevista, o autor comentou sobre essa mudança em sua carreira e revelou detalhes de seu novo livro. Saca só:

Como está sendo relançar o seu primeiro livro? 
Pra mim está sendo um prazer imenso trazer Os Sete de volta, principalmente pelas mãos da Aleph, que é uma editora que entende de fãs. E isso é muito bom, porque os meus leitores são, acima de tudo, fãs. Isso foi uma coisa que me surpreendeu no início da minha carreira, essa paixão que os leitores tem pelas minhas obras.

Essa reedição traz alguma diferença da primeira edição de Os Sete? 
Não. Eu me seguro muito para não reeditar os meus livros, para ser fiel ao André Vianco de alguns anos atrás. Passou um tempão, são dezessete anos já, mas eu não quis fazer isso ainda. Eu quero reeditar todas as minhas obras um dia, mas acho que esse ainda não é o momento.

Então você tem essa vontade de reeditar seus livros, né? Se você fosse reeditá-los hoje, o que você mudaria neles? 
O André mudou e amadureceu, né? E mudou também o jeito de tratar o texto. Eu mudaria a forma técnica e prática do texto, a forma de apresentar os personagens e iria com menos sede ao pote, apresentando eles com mais calma no decorrer da história. Todos esses pontos são inabilidades de um autor estreante. Mas gosto dos meus livros, eles conseguiram conectar leitores… a verdade é que nenhum autor vai ficar 100% satisfeito com a sua obra.

Como é o seu relacionamento com os fãs? Na fila dos autógrafos, vi muitos jovens e adolescentes, mas confesso que também vi um pessoal mais velho… 
Nada mudou, né? São as mesmas histórias e elas atraem o mesmo público. E nesse quesito eu encontrei outra surpresa, porque quando comecei a escrever, eu me direcionava para o público jovem adulto. Mas hoje em dia encontro pessoas de todas as idades nos meus lançamentos, e isso é ótimo.

Ao contrário de outros autores brasileiros, você é um autor que ambienta suas histórias no Brasil. Quais desafios você enfrentou ao fazer isso? 
Para ser sincero, eu não tive grandes desafios. Esse era um desejo meu desde o começo, criar uma literatura de terror e fantasia ambientada no meu país.

Como você enxerga a literatura fantástica no Brasil? E o que você espera dela para os próximos anos?
Eu vejo que agora as editoras estão realmente dando mais espaço e mais ouvido para os autores nacionais. Os de fora sempre tiveram espaço nas prateleiras, principalmente depois dessa onda de Harry Potter e Senhor dos Anéis, né? Mas foram essas obras que propiciaram a gente poder entregar originais para as editoras e elas olharem para elas com mais carinho. E sobre o futuro… eu espero que os leitores tenham menos resistência em consumir esse tipo de literatura.

A literatura fantástica já tem uma identidade? 
Acho que essa identidade ainda está sendo formada. Nós passamos muito tempo copiando a fórmula de sucesso lá de fora, dos livros estrangeiros, mas agora vejo que cada vez mais os autores estão buscando o seu jeito de escrever sobre o fantástico e de contar suas histórias.

Você tem vontade de adaptar os seus livros para o cinema ou para TV? 
Tenho muita vontade de ver as minhas obras adaptadas, porque além de escritor, sou roteirista e já trabalhei quatro anos para a Globo, escrevi para cinema e para TV. Acho que meus livros são propícios para isso, o que é ótimo. Vivemos num mundo onde os livros competem com redes sociais, games, filmes e séries, então seria bacana entrar de uma vez por todas nesse meio.

Quais são os seus projetos futuros? 
Em outubro, vou lançar Dartana pela Rocco. É uma obra que me afastou da minha zona de conforto, é descolada do terror e totalmente submersa na fantasia, ainda que, naturalmente, seja sombria. Já no início de 2017 irei lançar o meu primeiro inédito pela Aleph. Ele se chamará Penumbra e está em fase de finalização.

O que você pode nos contar sobre Penumbra
É uma obra sombria e nostálgica. Já adianto que a história não terá um final feliz, porque o livro conta a história de uma menina morta. Então, para onde vão as crianças quando morrem? Em Penumbra, elas vão para uma entidade chamada Babá Osso Duro, que é responsável por fazer as crianças esquecerem sua infância traumática antes de passarem pro outro lado. Mas a personagem principal entra num dilema: ela não quer esquecer da mãe dela.

Sinopse – Dartana: O livro conta a história de Jeliath e Dabbynne, dois jovens que lutam para salvar seu mundo da “maldição do pensamento”. Em Dartana, as pessoas não conseguem guardar conhecimento, as gerações vão sucedendo sem poder se desenvolver intelectualmente. Se aprendem a fazer um cercado, quando adormecem, a experiência se apaga, condenando-os a uma existência miserável e sombria. Para que isso mude, os jovens precisam ir até Combatheon, mundo onde os deuses de vários planetas que sofrem do mesmo mal se enfrentam com o objetivo singular de libertar suas terras das garras da ignorância.

Entrevista publicada no site DAMMIT (MTV)