Quem diria que Leno Maycon Viana Gomes, que passava
as tardes assistindo Malhação (Globo), iria entrar
para o funk e se tornar um dos maiores sucessos do
país? Em 2013, quando o gênero ainda era dominado por nomes
como Naldo Benny e Bonde das Maravilhas, o jovem adotou
nome de MC Nego e começou a ganhar espaço nas noites
cariocas com as músicas Brincadeira das maravilhas e Super
poder. Mas ele queria mais. Até então um mero coadjuvante,
o MC mudou de nome, transformou-se em Nego do
Borel (referência ao lugar onde morava, o Morro do
Borel, na zona norte do Rio de Janeiro) e realizou
uma série de lançamentos que acabaram viralizando
na internet.
Com as milhões de visualizações adquiridas
com o hit O cara do momento (2014),
Nego acabou chamando a atenção da
gigante Sony Music. Mas, para tal, precisou
trabalhar duro. Na infância, passou
fome, na adolescência atuou
como cobrador de van, catador de
latas e mototaxista, até finalmente,
aos 22 anos, lançar seu primeiro álbum
completo e estourar nas rádios do
país. “Quando finalizei meu primeiro disco,
procurei o Gerson Faria (sócio da Anitta) para
que ele me ajudasse. Ele sugeriu que eu mudasse
um pouco o repertório e me apresentou ao
aos compositores e produtores Umberto Tavares
e Mãozinha”, conta o artista.
Foi aí que a virada aconteceu. A dupla em
questão, famosa por ter criado hits como Na
batida (Anitta) e Hoje (Ludmilla), apadrinhou
Nego do Borel e compôs a canção Não me deixe
sozinho, que rapidamente invadiu as pistas
de dança e acabou entrando para trilha de Malhação
(Globo) em 2016. “A versão final do
disco Nego resolve (2015), lançada pela Sony,
apresentou algumas mudanças. Meu som
precisou mudar um pouco. Antes, eu tinha
um som mais da favela, com letras mais pesadas,
e hoje minha música é mais light, um
funk pop”, explica. “Tudo aconteceu muito
rápido, e, quando percebi, eu já estava
fazendo três shows por noite e tocando
no Brasil inteiro”, relembra.
Mesmo com a reformulação na carreira
e o cachê milionário, o cantor não perdeu
o jeito de malandro, desbocado e irreverente
que tanto lhe são característicos.
Como gosta de dizer, ele saiu do morro, mas o morro nunca saiu
dele. “Sou o que sou e não vou mudar nunca, mas isso não quer
dizer que não posso ser sério e ache possível que o público conheça
esse lado nos meus próximos projetos”, reflete o artista,
que em fevereiro deste ano surpreendeu ao lançar Você partiu
meu coração, música que conta com uma pegada totalmente
voltada para o pop.
A canção, uma parceria de Nego com Anitta e
Wesley Safadão, foi considerada por muitos o maior
sucesso do Carnaval 2017. Em questão de semanas,
ela invadiu as rádios, as pistas de danças
e se tornou um dos maiores hits da carreira
do cantor e do pop nacional. No YouTube,
seu videoclipe já passou dos 110
milhões de visualizações e, com o sucesso,
a faixa também passou a tocar
fora do Brasil – na Argentina, chegou
a ficar no top15 do iTunes. “Isso só
aumentou minha vontade de
apostar numa carreira internacional.
Fiz uma turnê nos Estados
Unidos e agora meu foco passou a
ser emplacar lá fora”.
Visto por muitos como a versão
masculina de Anitta, Nego do Borel não está
mesmo para brincadeira. Ele tem, inclusive,
chamado a atenção de estrelas do pop internacional.
No mês passado, durante sua passagem
pelo Brasil, a dinamarquesa Mø ouviu Você partiu meu coração, classificou o hit como
“muito bom” e elogiou o jeito de Nego cantar.
Ele, claro, ficou lisonjeado, "amarradão".
› Ele também atua!
Depois de interpretar o personagem Cleyton
nas temporadas de 2015 e 2016 de Malhação,
Nego do Borel foi escalado para viver Tião Macalé
(personagem que ficou conhecido pelo
bordão “Ih, Nojento!”) na nova versão do filme
Os Trapalhões. As filmagens começam em
maio e a estréia deve acontecer no final do ano.
“Minha carreira musical mudou muito depois
que eu comecei a atuar. Mais pessoas passaram
a me conhecer, e eu também atingi uma galera
de outras idades, o que é muito bacana”, explica
o artista. “Eu adoro atuar e estou muito
animado com essa oportunidade de trabalhar
num longa, principalmente num projeto dos
Trapalhões”, finaliza.
Matéria publicada na edição MAIO/JUNHO da revista Sucesso!.
Marcadores: Entrevistas, Música
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